Hoje fui abalroado e em parte tive culpa

Pedalar depois de chover é das actividades que mais gosto e hoje pareceu-me um dia perfeito para isso, por isso peguei na Susana e pedalei para a faculdade. Antigamente levava as minhas tralhas numa mochila que levava às costas, mas não mais. Agora uso uma daquelas bagageiras para a traseira da bicicleta, com espaço de sobra para lá pôr tudo o que preciso. Já ia com mais de 5km ao pedal quando entrei na nova calçada da marginal que vai do Cais do Sodré a Santa Apolónia. Depois de uma curva, reparei que estava uma comercial encostada à direita e não fiz caso, mantive-me na via encostado à direita. Quando estou ao lado da comercial, esta arranca para entrar na via e leva-me a traseira. A bagageira enrolou imediatamente nos aros da roda, o que levou a que bloqueasse logo. A comercial viu o que fez (vá lá) e voltou a encostar na berma, enquanto eu via os estragos. Tive sorte, a bagageira serviu de airbag, amortecendo o impacto e assim protegendo a roda e a minha perna, mas do rasgão na bagageira não me livro.
Estrago do abalrôo
Então, parece que a culpa foi minha? Eu seguia a uma velocidade razoável (~15km/h), tinha um impermeável azul que é impossível não ver com tanta fluorescência e estava bem encostado à direita para não perturbar o tráfego. Ora, a comercial é que entrou repentinamente na via sem ver quem vinha atrás, mas o estrago ficou comigo e aí está precisamente o que fiz mal: não agi da mesma forma que agiria se em vez de ir de bicicleta fosse de carro. Nesse caso teria ido ver os estragos e se existissem teria ido buscar os papéis do seguro, para que o responsável me reembolsasse. Então, porque não reclamei eu? Na verdade, ainda penso na minha bicicleta na estrada como uma intrusa, sem direitos aos olhos dos condutores, embora legalmente já não assim seja. Mudar a lei não vai mudar a percepção dos condutores em relação aos ciclistas se eu continuar (espero ser o único) a aceitar que 'são coisas que acontecem'.

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