Um dia quero pegar na Susana e começar a pedalar sem destino, nem data de regresso. Forrest Gump pode ter criado este desejo em mim de partir sozinho rumo ao desconhecido. As grandes viagens de bicicleta que faço, já fiz e farei são uma coisa que consigo explicar apenas pela superfície, não consigo transmitir o iceberg que está debaixo da linha de água; é como se vivêssemos em jaulas de hamsters e a ideia de pedalar em frente, sempre em frente, sem pensamentos estúpidos na cabeça, a solução elegante para as banalidades que se acumulam no nosso dia-a-dia.
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| O percurso |
Rebecca e Ryan fizeram isso e muito mais. Partiram de Henley na Inglaterra em Setembro de 2010 e chegaram a Auckland, Nova Zelândia em Março de 2012. Sem rumo pré-planeado, um dia de cada vez, apenas entregues à estrada e onde ela os levasse. Antes de partirem, fizeram festas de despedida, saborearam os luxos (pequeno-almoço inglês) de uma forma mais grata e reviram vezes sem fim a preparação.
O seu percurso inicial foi desde Inglaterra até à Turquia, passando pela Alemanha. Os seus diários são um relato memorável daquilo por que passa um ultra-ciclista, ainda mais estes dois sem destino. Horas no selim a ganhar um desconforto que já não passa, os km's que parecem levar uma eternidade a fazer, o vento forte na cara obrigando a pedalar com mais força, onde já pouca há. Os furos, o frio, o calor. Mas e este é um mas enorme, também existe a sensação de viver a vida, estar com alguém que se ama, os raios do Sol a poisar na pele suada, a bicicleta a rolar num país estranho, o oxigénio a entrar nos pulmões. No total, percorreram cerca de 27000km, 23 países durante 19 meses.
Para quem gosta de pedalar, este relato é obrigatório de ler. Um dia irei à Nova Zelândia também!
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| Na China |
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| Os dois |
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