5 dicas para ir de bicicleta para o emprego

Ciclismo para o emprego
"Vou pedalar para o emprego", pensou o José ao comer umas das 12 passas na noite de fim de ano. O José está com a vontade toda de cumprir esta resolução. Não receia os cerca de 30km de ciclismo diário, nem chuva, nem carros, nem transpiração. Aliás, já pensou na bicicleta que usará: uma pasteleira cinzenta pesadona que restaurou (vá, encheu os pneus) num sábado. O José vive na Margem Sul do Tejo e pensa ir de bicicleta até ao barco, fazer a travessia do rio e depois voltar a pedalar desde o Cais do Sodré até ao emprego no Oriente. Irá por Santa Apolónia, seguindo junto ao rio e assim até terá zonas em que não passam carros. Conseguirá o José cumprir a sua resolução? Claro que sim. Basta preparar-se para algumas coisas importantes que aprendi ao levar a Susana para a faculdade.

Margem de tempo

Sair de casa com os minutos contados e ter de ir a abrir com a bicicleta é terrível. Muita coisa pode acontecer e enquanto que num carro dá para compensar atrasos afundando o pé no acelerador e aligeirando no travão, na bicicleta é difícil, quase impossível. Podes ir a comer alcatrão logo à saída de casa, mas o resto do dia em que terás de pedalar será muito mais doloroso. Habitualmente dou uma margem de 10 a 15 minutos.

Lotação no barco

Nos barcos existe um limite de bicicletas por travessia que costuma ser entre 3 e 5 bicicletas. Já vi barcos com 6 bicicletas e ninguém mordeu ninguém, mas poderá sempre existir um dia em que o limite seja mesmo para cumprir. Chegar cerca de 10 minutos antes do barco partir e pedir ao senhor dos bilhetes para abrir o torniquete resulta comigo. Ele fica a saber que entrou um ciclista e fica este gesto como a aceitação da bicicleta no barco.

Camaradagem

Relacionamento com outros ciclistas

Só isto devia fazer com que mais pessoas andassem de bicicleta. Não é que todos os ciclistas nos falem ("Então, essa bike tem suspensão de quanto? 135mm? Upa upa, muita bom"), mas é comum algum nos acenar no caminho. Há uns 5 anos acontecia mais e muita gente se metia com os ciclistas, às vezes por más razões. Portanto, se alguém acenar ao José, ele que não faça cara de pau e retribua com um aceno cortês.

Transpiração e cabelo despenteado

Nas primeiras vezes que pedalei para a faculdade, não me preocupei muito em chegar despenteado e suado. Que mal haveria de fazer eu ir para uma aula com cabelo espetado e um leve aroma a lata de sardinha podre? Actualmente já não chego nesse estado e há 2 truques para isso. Primeiro, pedalar com margem de tempo e assim não ter de pedalar mais depressa. Segundo, ir despindo roupa ao longo do caminho e voltar a vestir quando desmontar da bicicleta. Sobre o cabelo, basta levar um pente ou passar a mão pelo cabelo de forma sexy.

Pedalar entre carros

Ao início pode ser assustador ver um monte de metal amarelo bege a fazer uma rasia ao teu corpo, José. Por vezes irás estar lado a lado com um autocarro enorme e não saberás se o condutor te verá. Muitas vezes não te verá, terás de ser tu a tomar as rédeas à situação e ires para onde tenhas a certeza que todos os condutores te vêem. Não ultrapasses pela direita, porque aí estarás no ângulo morto do carro e se o mesmo virar à direita, irás voar. Mantém um ou dois dedos nos travões, que mais metro menos metro terás de travar inesperadamente porque uma pessoa se meteu à tua frente ou um carro te ultrapassou e cortou logo à direita como se não existisses. Acima de tudo, não pedales com medo, nem com vontade de te esconderes. Mais vale pedalar de forma espampante que sorrateira.

Não há razão para que o José não se faça à estrada. Até chegará à conclusão que demora o mesmo tempo indo de bicicleta ou de Metro e por vezes até será mais rápido nas 2 rodas. Uma das formas de esmorecer rapidamente é ver que chove lá fora, mas nesses dias o José poderá ir de transportes e reservar os dias solarengos para o ciclismo. José, não esmoreças e boa sorte.

6 comentários :

  1. A dica para o suor não funciona, de certeza

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    1. Claro que funciona. Não digo que chego ao destino sem suor nenhum, mas é ela por ela com o suor do Metro.

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  2. Eu trabalho ali ao pé do Marquês e todos os dias vou de bicicleta para o trabalho. Não gosto de andar no passeio, mas naquela rotunda não sei como não andar.

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    1. Sim, compreendo, também evito pedalar na rotunda do Marquês. Podes sempre fazer a 'curva à Copenhaga'.

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